Ateliê aberto: Cidade e escrita com Renato Negrão

22 de março de 2014

Ei, Negrão,

Obrigada de novo pela sua aula. Achei o seu trabalho mais interessante do que eu já achava vendo a sua apresentação – na verdade, fiquei bem curiosa para saber ainda mais sobre ele. Nunca pare. Escrevo em formato de bilhete assim, me dirigindo a você, para comentar algumas coisas das quais eu gostei bem – por exemplo, quando você disse que você usa a cidade como “pano de fundo”, mas geralmente não devolve sua palavra para a cidade – como fazem pichadores, por exemplo, gente que trabalha sobre a superfície da cidade. A cidade é uma superfície disputada, como você mesmo disse, e me pareceu que o seu trabalho funciona como um registro poético dessa disputa. A maneira que você fotografa placas, escritos, desenhos faz com que a gente desconfie de um duplo sentido em toda frase que lê na rua.

Gosto também do que você diz sobre o trocadilho (bem presente naquela sua performance Partilha do sensível), que o trocadilho é a metade da poesia, a outra metade é a metáfora – uma boa coisa a se pensar, quando todo mundo normalmente despreza o trocadilho. E outra coisa que também acontece nas criações do ateliê e você ressaltou: “preciso fazer para depois entender o trabalho”.

Você é sempre bem vindo.

Um abraço,

Laura.