As formas breves, com Olimar Flores-Junior

16 de abril de 2014

Quando convidei o Olimar para dar essa aula aberta - ele que é meu professor de grego antigo já faz três anos - eu não sabia de fato qual era a real relevância da anedota para quem escreve. Eu também não sabia que haveria tanta coisa a ser dita sobre o gênero. Depois que o assunto foi apresentado e aproximado das nossas práticas, percebemos que muitas vezes o que vivemos numa cidade e o que escrevemos tem um caráter anedótico, e que tantas vezes as histórias de personagens dos nossos círculos de convivência se compõe de anedotas.

Olimar definiu a anedota como um pequeno fato curioso ou pitoresco que envolve alguma particularidade engraçada de alguma personagem histórica.

Explicou que a palavra anedota teria vindo da junção de um A privativo do grego com o verbo ekdídomi que significa justamente "dar para fora", "entregar"; atribuindo um o sentido de algo que é "não entregue". A palavra anedota serviria para caracterizar uma mulher que não se casou, ou para alguma coisa que não foi publicada.

A anedota joga com o geral, ou seja, tal personagem histórico pode ou não ter feito o que se conta dele, mas de alguma forma a pequena narrativa mostra o que seria possível de acontecer diante das particularidades daquele indivíduo. O valor da anedota não depende, portanto, de sua credibilidade, mas da sua plausibilidade. Por exemplo, diz-se que Diógenes de Sínope teria se matado simplesmente prendendo a respiração, o que todos sabemos ser impossível na realidade, mas que de alguma forma ilustra uma particularidade do personagem.

É no riso que a anedota provoca que está o seu "poder secreto" de ação. Ela não mostra a grandeza da vida de um personagem, mas se ilustra através dos pequenos detalhes que tantas vezes provocam uma risada.

Fica aqui o nosso agradecimento Olimar, que sempre é tão generoso, e ao pessoal que participou dessa excelente aula.

Em maio tem mais!